Será que é Depressão?
Quando eu era uma esposa mais jovem, nos dois primeiros anos de
casada, por diversas vezes senti-me desencorajada, triste, deprimida ou com
ataque de pânico. Lembro-me de ficar completamente descontrolada, sem saber o
que fazer. Em algumas ocasiões, meu marido correu comigo para um pronto
socorro. Quando chegava ao hospital com
quase 200 batimentos cardíacos, os médicos aplicavam o “valium”, um dos calmantes mais fortes da época, e eu sentia uma
falsa sensação de paz, amenizando, assim, “meu ataque de pânico”, pelo menos
naquele momento, até voltar a ter outro.
Lembro- me que nessa época, quando meu primeiro filho, Tiago, tinha
apenas três meses de vida, o medo que eu tinha de morrer, ou que alguma coisa
acontecesse comigo, paralisava-me, deixando-me sem coragem, completamente
insegura para sair sozinha, tomar decisões, fazer minhas tarefas de casa ou os
afazeres mais simples do dia a dia. Eu pensava: “e se eu tiver um ataque na rua
quando estiver sozinha com meu bebê? Quem vai me socorrer?” Imaginava situações
bem tristes com minha família, e cada vez ficava mais dependente de remédio.
Quando saía de casa, não podia esquecer o “valium”,
se não, o desespero tomava conta do meu coração e passava mal no local em que
eu estivesse. Cheguei a questionar com Deus se realmente eu era salva, pois não
via saída para o meu desespero interior.
Otávio, meu querido esposo, ficou muito preocupado comigo, e levou-me
a vários especialistas. Fiz todos os exames e nenhuma doença foi constatada, por
isso, os médicos aconselharam que procurássemos um psiquiatra o mais rápido
possível, para que eu pudesse fazer um tratamento terapêutico. Ao chegar em
casa, fui buscar a face de Deus em oração e por meio da sua Palavra. Ele falou
ao meu coração dizendo: “Lilian, atente para as minhas palavras; aos meus
ensinamentos, incline os ouvidos... Porque são vida para quem os acha e saúde
para o seu corpo”. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o seu coração,
porque dele procedem às fontes da vida”. (Pv 4.20-23)
Nesse momento, pela graça de Deus, o Espírito Santo me deu
coragem para tomar uma das decisões mais importantes da minha vida: “O
Senhor será o meu psiquiatra de agora em diante, e a sua Palavra, o
remédio para a minha alma”. Decidi que não tomaria mais o “valium”, mesmo que sentisse angústia ou medo, e joguei todas as
cartelas do remédio no vaso sanitário e dei descarga. Logo depois, quando
estava sozinha, tive o ataque de pânico mais terrível da minha vida, porém, não
voltei atrás na decisão, e busquei o único capaz de acalmar a minha alma e dar
paz ao meu coração aflito.
Foram alguns meses de grandes lutas e algumas derrotas, mas
aprendi o que o apóstolo Paulo escreveu na sua carta aos filipenses no capítulo
4, que diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos. Seja a
vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis
ansiosos se coisa alguma; em tudo, porém sejam conhecidas, diante de Deus, as
vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente
em Cristo Jesus”. (O remédio para o coração)
Homens famosos como Abraham Lincoln, o grande pregador inglês
Charles Spurgeon e o missionário David Brainerd falaram e escreveram
sobre suas lutas e angústias, porém, embora se sentissem
sozinhos, aproveitaram os momentos sombrios, sem a luz do sol, para acreditar e
agir de acordo com o que Deus diz, em vez de sentir o que Deus diz. Isso é
viver pela fé, assim como relata Hebreus 11.1 - “Fé é a certeza das coisas que
não se veem”. A depressão nos leva a acreditar em nós mesmos, e dar atenção apenas
aos nossos pensamentos.
Mesmo que nos sintamos rejeitados pelos outros, Jesus promete que
nunca nos rejeitará e que jamais nos abandonará (Sl 27.10; Hb 13.5). Muitas
vezes, a ansiedade ou o medo dominam os nossos pensamentos (coração), e tal
postura revela onde está a nossa confiança. Se ela está em Deus ou em nós.
Moisés ensinou aos israelitas em Deuteronômio 8, que a vida no deserto os
testavam para saber o que realmente havia em seus corações e se guardariam ou
não os mandamentos do Senhor. Quando eles estavam descrentes, com medo ou
raiva, falavam mais a respeito de si mesmos do que de Deus e de seus feitos. Em
Filipenses 4.8, Paulo ensina o que deve ocupar os nossos pensamentos. Como já ouvi em algumas pregações e artigos, "o amor de Deus é como o amor de um pai para com seu filho, que
não entende o amor paternal, e por isso, fica chorando por que o pai o tirou da
brincadeira na lama, pois quer banhá-lo para levá-lo a uma viagem de férias na
Disney”.
Você consegue perceber o que ocorre quando nossos desejos se
tornam a coisa mais importante para nossa vida? A depressão nos leva a pensar
que precisamos de amor, respeito, valor ou qualquer outro desejo do coração.
Eles se transformam em necessidades, como se precisássemos disso tudo para
viver. A bíblia chama isso de cobiça e ela sempre nos faz querer mais e mais. É
como a jovem que toda vez que se vê sozinha e deprimida, sente um desejo forte
de comprar sapatos, e mesmo que não precise e nem tenha mais lugar para guardá-los,
ela sai em busca de satisfazer sua cobiça na esperança de que a sua angústia
profunda seja aliviada.
Algumas pessoas desenvolvem um sentimento de amargura ou de ira por
não terem conseguido o que queriam, se voltando ou contra alguém ou contra o
próprio Deus. Muitas vezes, elas se expressam de forma amena com reclamações,
murmurações, falta de perdão, ou pena de si mesma (Cl 3.8-16). As consequências
são danosas. Ela começa fugir de alguém ou de responsabilidades cotidianas, ou até mesmo de problemas financeiros que precisam ser enfrentados. É como a esposa e mãe que deixa
os seus afazeres da casa, vida conjugal com o marido e o cuidado dos filhos em
razão da depressão, causando um mal sem limites a toda família. Em diversos
casos como este, a raiz desta atitude, o pecado que gerou tal comportamento,
tende ser a preguiça ou o egocentrismo. (Tg 4.17; Tt 2.4 e 5; Cl 3.18-2).
Geralmente, a pergunta que fazemos é: Como posso fazer alguma coisa se sinto vontade de não fazer nada? Ou melhor, sinto vontade de morrer, correr, desaparecer ou ignorar. Em Tiago 4.17, ele responde essa pergunta de maneira bem prática: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando”. Se eu me sinto bem e feliz quando estou na rua passeando com amigas, ou fazendo algo para outras pessoas, e em casa, eu fico deprimida na hora de fazer as minhas tarefas diárias, mesmo que a intenção seja boa, existe algo errado com meu coração e não com meu físico. A mulher virtuosa de Provérbios 31 faz o bem todos os dias ao marido e filhos e nunca o mal. Falei sobre isso no artigo anterior, lembra?
Querida amiga, o descontentamento e a pena de si mesma fazem as
pessoas viverem como vítimas, e não como alguém que recebeu graça e misericórdia
infinitas. Devemos perguntar sempre a nós mesmas o que a minha depressão diz
para mim? A resposta deve ser buscada na Palavra de Deus, antes de buscarmos
outras formas de ajuda.Geralmente, a pergunta que fazemos é: Como posso fazer alguma coisa se sinto vontade de não fazer nada? Ou melhor, sinto vontade de morrer, correr, desaparecer ou ignorar. Em Tiago 4.17, ele responde essa pergunta de maneira bem prática: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando”. Se eu me sinto bem e feliz quando estou na rua passeando com amigas, ou fazendo algo para outras pessoas, e em casa, eu fico deprimida na hora de fazer as minhas tarefas diárias, mesmo que a intenção seja boa, existe algo errado com meu coração e não com meu físico. A mulher virtuosa de Provérbios 31 faz o bem todos os dias ao marido e filhos e nunca o mal. Falei sobre isso no artigo anterior, lembra?
Texto continuará no próximo artigo "Será que é Depressão - PARTE 2"