sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Será que é Depressão - PARTE 1

Será que é Depressão?


Quando eu era uma esposa mais jovem, nos dois primeiros anos de casada, por diversas vezes senti-me desencorajada, triste, deprimida ou com ataque de pânico. Lembro-me de ficar completamente descontrolada, sem saber o que fazer. Em algumas ocasiões, meu marido correu comigo para um pronto socorro.  Quando chegava ao hospital com quase 200 batimentos cardíacos, os médicos aplicavam o “valium”, um dos calmantes mais fortes da época, e eu sentia uma falsa sensação de paz, amenizando, assim, “meu ataque de pânico”, pelo menos naquele momento, até voltar a ter outro.
Lembro- me que nessa época, quando meu primeiro filho, Tiago, tinha apenas três meses de vida, o medo que eu tinha de morrer, ou que alguma coisa acontecesse comigo, paralisava-me, deixando-me sem coragem, completamente insegura para sair sozinha, tomar decisões, fazer minhas tarefas de casa ou os afazeres mais simples do dia a dia. Eu pensava: “e se eu tiver um ataque na rua quando estiver sozinha com meu bebê? Quem vai me socorrer?” Imaginava situações bem tristes com minha família, e cada vez ficava mais dependente de remédio. Quando saía de casa, não podia esquecer o “valium”, se não, o desespero tomava conta do meu coração e passava mal no local em que eu estivesse. Cheguei a questionar com Deus se realmente eu era salva, pois não via saída para o meu desespero interior.
Otávio, meu querido esposo, ficou muito preocupado comigo, e levou-me a vários especialistas. Fiz todos os exames e nenhuma doença foi constatada, por isso, os médicos aconselharam que procurássemos um psiquiatra o mais rápido possível, para que eu pudesse fazer um tratamento terapêutico. Ao chegar em casa, fui buscar a face de Deus em oração e por meio da sua Palavra. Ele falou ao meu coração dizendo: “Lilian, atente para as minhas palavras; aos meus ensinamentos, incline os ouvidos... Porque são vida para quem os acha e saúde para o seu corpo”. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o seu coração, porque dele procedem às fontes da vida”. (Pv 4.20-23)
 Nesse momento, pela graça de Deus, o Espírito Santo me deu coragem para tomar uma das decisões mais importantes da minha vida: “O Senhor  será o meu psiquiatra de agora em diante, e a sua Palavra, o remédio para a minha alma”. Decidi que não tomaria mais o “valium”, mesmo que sentisse angústia ou medo, e joguei todas as cartelas do remédio no vaso sanitário e dei descarga. Logo depois, quando estava sozinha, tive o ataque de pânico mais terrível da minha vida, porém, não voltei atrás na decisão, e busquei o único capaz de acalmar a minha alma e dar paz ao meu coração aflito.
Foram alguns meses de grandes lutas e algumas derrotas, mas aprendi o que o apóstolo Paulo escreveu na sua carta aos filipenses no capítulo 4, que diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos se coisa alguma; em tudo, porém sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”. (O remédio para o coração)
Homens famosos como Abraham Lincoln, o grande pregador inglês Charles Spurgeon e o missionário David Brainerd falaram e escreveram sobre suas lutas e angústias, porém, embora se sentissem sozinhos, aproveitaram os momentos sombrios, sem a luz do sol, para acreditar e agir de acordo com o que Deus diz, em vez de sentir o que Deus diz. Isso é viver pela fé, assim como relata Hebreus 11.1 - “Fé é a certeza das coisas que não se veem”. A depressão nos leva a acreditar em nós mesmos, e dar atenção apenas aos nossos pensamentos.
Mesmo que nos sintamos rejeitados pelos outros, Jesus promete que nunca nos rejeitará e que jamais nos abandonará (Sl 27.10; Hb 13.5). Muitas vezes, a ansiedade ou o medo dominam os nossos pensamentos (coração), e tal postura revela onde está a nossa confiança. Se ela está em Deus ou em nós. Moisés ensinou aos israelitas em Deuteronômio 8, que a vida no deserto os testavam para saber o que realmente havia em seus corações e se guardariam ou não os mandamentos do Senhor. Quando eles estavam descrentes, com medo ou raiva, falavam mais a respeito de si mesmos do que de Deus e de seus feitos. Em Filipenses 4.8, Paulo ensina o que deve ocupar os nossos pensamentos. Como já ouvi em algumas pregações e artigos, "o amor de Deus é como o amor de um pai para com seu filho, que não entende o amor paternal, e por isso, fica chorando por que o pai o tirou da brincadeira na lama, pois quer banhá-lo para levá-lo a uma viagem de férias na Disney”.

Você consegue perceber o que ocorre quando nossos desejos se tornam a coisa mais importante para nossa vida? A depressão nos leva a pensar que precisamos de amor, respeito, valor ou qualquer outro desejo do coração. Eles se transformam em necessidades, como se precisássemos disso tudo para viver. A bíblia chama isso de cobiça e ela sempre nos faz querer mais e mais. É como a jovem que toda vez que se vê sozinha e deprimida, sente um desejo forte de comprar sapatos, e mesmo que não precise e nem tenha mais lugar para guardá-los, ela sai em busca de satisfazer sua cobiça na esperança de que a sua angústia profunda seja aliviada.
Algumas pessoas desenvolvem um sentimento de amargura ou de ira por não terem conseguido o que queriam, se voltando ou contra alguém ou contra o próprio Deus. Muitas vezes, elas se expressam de forma amena com reclamações, murmurações, falta de perdão, ou pena de si mesma (Cl 3.8-16). As consequências são danosas. Ela começa fugir de alguém ou de responsabilidades cotidianas, ou até mesmo de problemas financeiros que precisam ser enfrentados. É como a esposa e mãe que deixa os seus afazeres da casa, vida conjugal com o marido e o cuidado dos filhos em razão da depressão, causando um mal sem limites a toda família. Em diversos casos como este, a raiz desta atitude, o pecado que gerou tal comportamento, tende ser a preguiça ou o egocentrismo. (Tg 4.17; Tt 2.4 e 5; Cl 3.18-2). 

Geralmente, a pergunta que fazemos é: Como posso fazer alguma coisa se sinto vontade de não fazer nada? Ou melhor, sinto vontade de morrer, correr, desaparecer ou ignorar. Em Tiago 4.17, ele responde essa pergunta de maneira bem prática: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando”. Se eu me sinto bem e feliz quando estou na rua passeando com amigas, ou fazendo algo para outras pessoas, e em casa, eu fico deprimida na hora de fazer as minhas tarefas diárias, mesmo que a intenção seja boa, existe algo errado com meu coração e não com meu físico. A mulher virtuosa de Provérbios 31 faz o bem todos os dias ao marido e filhos e nunca o mal. Falei sobre isso no artigo anterior, lembra?
Querida amiga, o descontentamento e a pena de si mesma fazem as pessoas viverem como vítimas, e não como alguém que recebeu graça e misericórdia infinitas. Devemos perguntar sempre a nós mesmas o que a minha depressão diz para mim? A resposta deve ser buscada na Palavra de Deus, antes de buscarmos outras formas de ajuda.


Texto continuará no próximo artigo "Será que é Depressão - PARTE 2"