sexta-feira, 30 de março de 2012

Crescendo para Baixo ( Parte 2)

          Na postagem anterior, vimos que é por meio da pequenez pessoal (humildade = baixo) que a grandeza de Cristo aparece em nossas vidas, isto é, quando diminuímos, crescemos (Pv. 16:18). O apóstolo Pedro também nos mostra que esse crescimento é uma ordem e não uma opção: “Antes, crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe.3:18). Para que obedeçamos esta ordem, é necessário um contínuo arrependimento, um estilo de vida disciplinado.
          Lutero sabia dessa verdade ao declarar em sua primeira tese das 95 colocadas na porta da igreja de Wittenberg em 1517: “Quando nosso Senhor e mestre Jesus Cristo disse “arrependei-vos”(Mt. 4:17), Ele desejava que toda a vida do cristão fosse marcada pelo arrependimento.” É semelhante a uma estrada que tem um sistema de drenagem falho: quando há uma chuva forte, logo ela fica suja, inundada e intransitável. Somente por meio do arrependimento constante e profundo, 
é possível manter a saúde da alma.
         Por isso, o arrependimento deve ser a drenagem diária da estrada que Deus nos chama a percorrer. Ele é vital para limpar a sujeira parada e os detritos de pecados que tornam nosso crescimento estagnado ou interrompido. Você deve estar se pergutando: ”O que é, então, arrependimento? Como acontece?” Bem, de modo nenhum é algo automático ou mecânico, como as regras para dirigir um carro. Arrependimento significa renunciar o mau comportamento que está prejudicando nossa vida com Cristo. Na Bíblia, o termo significa “desviar” ou “retornar”; mudar verdadeiramente os hábitos, pensamentos, atitudes, pontos de vistas, posturas inadequadas e seguir o caminho certo.  
        O arrependimento é fruto da fé, que é um dom de Deus, sendo possível e real somente para os cristãos libertos do pecado e vivificados para e por Deus (At.11:18).
       O processo de drenagem do arrependimento pode ser analisado pelas etapas a seguir:
       Reconhecimento verdadeiro da desobediência a Deus por ter escolhido o errado ao invés do certo. Trata-se de não fazer o jogo de fingir que “nada aconteceu”, ou de “dar desculpas”. Como exemplo, temos Davi que ao adulterar com Bate-Seba, usou seu privilégio real como desculpa para o pecado. Desta forma, Davi não se culpou por mais de nove meses, até que o profeta Natã o repreendeu e o fez compreender que seu ato tinha ofendido a Deus: ”Tu és o homem!”  (II Reis 5:18 ). Esta consciência foi, e é, a semente que germina em arrependimento. Ela não cresce de outra forma, ainda que os especialistas a chamem de “negação”, a Bíblia a classifica como “autoengano” e “convicção do pecado” (Tg. 1:22; 5:16, I Jo 1:18;16:8).
       Um profundo remorso pela desonra causada a Deus e ao próximo – esta é a marca do coração contrito (Sl.51:17; Is. 57:15). Foi o que ocorreu com Davi (Sl. 51:1-4; 15-17) e o filho pródigo, da parábola contada por Jesus. Houve uma profunda tristeza demonstrada ao entenderem que insultaram a bondade e o amor de Deus quando decidiram  errar.

       Pedido reverente pelo perdão divino, purificação da consciência e ajuda para não falhar mais na mesma área. A oração penitente de Davi é um exemplo para nós (Sl 51:7-12), pois demonstra o exercício da fé em Deus, que gera uma real restauração. Jesus ensina qual deve ser a nossa oração: “Perdoa os nossos pecados (...) e não nos deixe cair em tentação” (Lc. 11:4).
      Resoluta renúncia dos erros cometidos em pensamentos e ações para manter-se limpo na maneira de viver. João Batista disse para a elite religiosa: ”Produzi, pois, frutos de arrependimentos”(Mt. 3:8), chamando-os para uma mudança de direção.
       Restituição à pessoa que tenha sofrido perdas materiais e emocionais em virtude de erros cometidos. Zaqueu, o cobrador de impostos, ao tornar-se discípulo de Jesus, retribuiu quatro vezes mais por cada ato de extorsão cometido. Esse é o preço do discipulado!
    
       Querida amiga, como  está sua estrada de santidade? 

     O meu desejo é que ela esteja desimpedida, sem as sujeiras paradas da cobiça, ciúme, inveja, ira, egoísmo, lascívia, maledicência, orgulho, vaidade, impureza, mentira, desobediência aos pais, indignação, más companhias, insubmissão ao marido e autoridades, etc....  do contrário, elas bloquearão o sistema de drenagem e interromperão o seu crescimento espiritual e comunhão com Deus.
     Lembre-se que temos um Deus misericordioso, que está de braços abertos esperando ouvir nosso clamor contrito de perdão e arrependimento (Ap.3:10). 
Fonte: livro A Redescoberta da Santidade de J.I. Packer